quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A comodidade da deficiência

Todos olhamos para os deficientes motores com um mal disfarçado ar de pena. Desatamos a projectar imagens no nosso cérebro de como seria se não fossemos capazes de caminhar, de jogar à bola com os nossos colegas, de correr livremente por um campo fora cantando euforicamente. Ficar preso a uma cadeira de rodas há-de ser como estar realmente encarcerado num qualquer estabelecimento criminal, privado de inúmeras liberdades que presamos não obstante a sua simplicidade.
Sim, deve ser um bocado chato. Mas também tem as suas inegáveis vantagens. Os cubículos das sanitas característicos das casas de banho públicas, atulhadas de papel higiénico em todos os cantos excepto no rolo, marcadas por repudiantes gotas de urina no tampo e de rios no chão, sem qualquer suporte para pastas, mochilas e quaisquer outros adereços (como casacos), dão lugar a verdadeiras mansões de expulsão higiénica de excrementos. A área é ampla e limpa. Tem dois autênticos cabides de metal e lavatório próprio, munido de sabonete líquido e com papel q.b. para secar as mãos e... para o resto. A juntar a todos estes privilégios, a fila para frequentar estes luxuosos espaços é invariavelmente menor em relação às sanitas vulgares.
O slogan utilizado pela Câmara Municipal do Porto na promoção dos sacos de limpeza de dejectos caninos encaixa perfeitamente na caracterização dos lavabos para incapacitados: "Fazer o servicinho é limpinho!"
Agora pensem comigo... Não valerá a pena abdicarmos de um pouco da nossa mobilidade em prol de um incremento de comodidade?

3 Comments:

Anónimo said...

da proxima vez que de vir lembra-me de te por a comer por uma palhinha..

Anónimo said...

engraçado, isto de ver anonimos tem k s lh diga

jünger said...

acho que vou pôr o corajoso do anónimo a comer por uma pilinha!