sábado, 27 de outubro de 2007

Olha a hora!

Qualquer post que se siga ao último "saído à estampa" como fruto do génio imaginativo do meu prezado colega Tiago Gmr, corre o risco de valer pouco mais que nada no universo de textos que o Torrada já pôs no mundo. Mas o blogue tem de continuar (lá diz a música "Toast must go on") e a minha absência de comentários no último mês e meio já justifica que escreva alguma coisita. Mesmo que parva.

Lia eu com relativo interesse a publicação mensal "Super Interessante" (belo jogo de palavras, hein?) que, apesar de ter nome de revista cor-de-rosa, versa, sobretudo sobre Ciência, quando me deparei com o seguinte texto:

"Em Agosto de 2003, um jovem neozelandês de 27 anos, chamado Peter Lynds, causou uma certa polémica. A revista científica Foundations of Physics Letters acabava de aceitar um artigo da sua autoria, o qual, segundo se dizia, iria revolucionar a Ciência. Após a publicação, chegou a ser comparado a Einstein e começaram a circular os mitos urbanos(...)."


Se antes lia com relativo interesse a publicação, agora todo eu me concentrava única e exclusivamente naquelas palavras tão excitantes (apesar de ter a televisão ligada na RTP Memória que geralmente me absorve totalmente, tal a qualidade dos seus programas). Algo que iria revolucionar a Ciência? Peter Lynds era já comparado a Einstein? O mundo iria, com certeza, mudar! Cura para a SIDA? Descoberta de vida extra-terrestre? Ou melhor, uma teoria que explique em condições o início de vida na terra? O meu coração batia já descontroladamente, procurando as palavras que respondessem às minha ânsia de conhecimento. Ganhando coragem, continuei:

"Lynds postulou que o tempo é uma ilusão e que a realidade não passa de uma sequência de acontecimentos relacionados entre si."



Uau!!! Nunca seria capaz de imaginar tal coisa! O tempo é uma ilusão? Que génio da Ciência! Que mente! Como é que estas pessoas iluminadas conseguem chegar a estas conclusões tão brilhantes? Só falta afirmar que o tempo foi uma invenção do Homem, decorrente das suas necessidades de convivência social e de subsistência, relacionadas com a sucessão dos acontecimentos e a necessidade de criar pontos de referência quanto a essa sucessão. O tempo é uma ilusão... Não estou em mim!

De facto, os cientistas conseguem sempre surpreender-nos com novas e fascinantes descobertas, muitíssimo necessárias à permanência do Homem na Terra. Que seria de nós se não fossem estas mentes brilhantes? Estou completamente rendido e, claramente, nunca mais serei o mesmo...

P.S.: Peter Lynds trabalhava (à época da sua grandiosa descoberta) numa companhia de seguros e havia frequentado na faculdade aulas de física durante um semestre. Uma vida dedicada à Ciência e um currículo invejável como este só poderia culminar com uma descoberta de tão elevado calibre.

domingo, 21 de outubro de 2007

A doutrina diverge...

Os bancos da catequese, lá no salão paroquial da minha freguesia, já lá vão. As salas exíguas, onde não havia lugar para todos, onde outrora passava as tardes de Sábado, onde dizia a plenos pulmões "eu tenho um amigo que me ama", já não contam com a minha presença.

Arrumei os livros, após dez anos de percurso ao mais alto nível, a dar trabalho ao hipotálamo, por sentir que a minha viagem tinha terminado. Tinha feito o Crisma!


Dois anos se passaram. Mas será que, após a conclusão da minha vida académica espiritual, fiquei um bom profissional?

Tenho as minhas dúvidas. Agora com Bolonha talvez faça um mestrado, não vá o Diabo tecê-las... Longe vão os tempos em que com uma simples licenciatura se conseguia ficar vinculado a um qualquer Deus, ao patrão do céu (seja ele onde for). Nos dias que correm, após a conclusão do curso, apenas uma minoria consegue colocação imediata, submetendo-se a qualquer tipo credo que possa aparecer. É aí que têm ganho cada vez mais relevo os cursos profissionais e mesmo os institutos politécnicos, cativando cada vez mais fiéis (perdão, estudantes...). Tal caso é o do IPTJ, Instituto Português das Testemunhas de Jeová, bem como de muitas outras escolas que vão ganhando progressivamente expressão e prestígio.

A praxe, como sempre, não reúne consensos, seja qual for o estabelecimento de ensino. Desde longas horas passadas de joelhos -a posição natural do caloiro- no bafiento confessionário, a fastidiosas sessões ao Domingo, que não raras vezes usurpam a hora de almoço, ou ainda actividades nocturnas em ambientes sinistros, com velas omnipresentes e cânticos obscuros. Não há como lhes escapar sob pena de ver a integração no meio comprometida.
Encontramos, como é óbvio, aqueles que levam a praxe demasiado a sério. Caloiros tão dedicados que dão a vida in nominem solenissima praxis, um fenómeno frequente nas faculdades do polo universitário do médio Oriente.

O manual adoptado ao longo do meu curso foi apenas um: a Biblia. Obra de tal modo extensa que se subdivide em duas grandes partes cronologicamente divididas. Contudo, o seu teor marcadamente metafórico torna ininteligível o seu conteúdo, sobretudo sendo eu um comum mortal. Motivo mais que suficiente para estudar por sebentas, os Catecismos ou, vulgarmente, "livros de doutrina".

Estes compêndios da Sagrada Escritura fornecem um auxiliar precioso para aqueles que pretendem concluir o curso. Para facilitar, incluem imagens e todas as palavras necessárias para nos dirigirmos cordialmente ao "Deus Pai"... Pai da ciência em questão. Contudo, outras publicações surgem, verdadeiras obras-primas redigidas por autênticos profissionais, dirigidas para outras áreas do saber. É o caso da revista "Despertai", que tem sido distribuida por meios menos convencionais, mas que vai ganhando seguidores de todas os sectores de especialização.

O meu percurso académico, como disse, já terminou. Serei eu um bom profissional? Provavelmente não. Quando sou chamado para a habitual rotina do trabalho, aqueles rituais sobejamente conhecidos que nos ocupam uma hora por semana (ou mais), procedo sempre de modo mecânico, acriticamente e sem inovar nos métodos. Falta-me gosto? Talvez... Será um problema ao nível da estrutura do ensino superior? Provavelmente sim.

Seja qual for a resposta exacta, duma coisa estou certo. Os recém-licenciados deixam sempre o trabalho, invariávelmente, com um pesaroso "graças a Deus", sabendo de antemão que o dia seguinte será igual... e igualmente indefinido.

sábado, 13 de outubro de 2007

secretíssimo..



Sou assinante faz já alguns anos da revista Visão, especialmente por esta primar pelo jornalismo de qualidade, abstendo-se, salvo raríssimas e normais excepções, do vulgarismo e displicência baratos que infelizmente caracteriza boa parte da comunicação social nacional. Encontrei, no entanto, na edição de 26 de Julho de 2007 uma reportagem que me deliciou pela sua qualidade excepcional a nível da parvoíce. Consta então da referida reportagem um livro lançado há cerca de meio ano pela australiana Rhonda Byrne, 55 anos, actualmente "empresária espiritual" (!), chamado "O Segredo", que conta já com cerca de 10 milhões de exemplares vendidos. na base do "Segredo" está a dita "Lei da Atracção" que assenta no "facto" de atrairmos a nos, materializando-se nas nossas situações da vida, tudo o que pensamos e sentimos. Sustentando tudo isto são apresentados testemunhos "reais", frases bíblicas e de pensadores históricos e excertos de várias entrevistas a seguidores de uma seita emergente.

O percurso de Rhonda, mulher com nome de marca de electrodomésticos ou mesmo de uma qualquer empresa concorrente da Ferbar ou dos rebuçados Dr. Bayard, não será de todo estranho - crise pessoal, ruína financeira iminente; lê um livro da mesma estirpe do que viria a escrever, hipoteca a casa e vai para os EUA "recolher material para o seu projecto milionário"; vai à Oprah e aí está ela a vender sabão. Apesar de tudo, a aparente popularidade de Rhonda é incontornável. Por entre Wikipédia e Youtube reúne já 250 milhões de entradas no Google. A estupidez e ridicularidade de certos pormenores são, no entanto, impossíveis de não merecer um comentário à altura.

Logo à partida salientaria as bases cientificas de que a autora e aqueles que do seu imbróglio corroboram se querem fazer valer. A isto apenas contraponho uma posição que a própria Visão apresenta vinda até de um dos gurus da obra - o físico quântico Alan Wolf que diz que não é cientificamente óbvio que algo aconteça apenas por se acreditar - entre outros.
Detia-me no entanto com dois pormenores deliciosos - os testemunhos que são citados bem como as profissões (!) dessas mesmas pessoas..
Comecemos por Joe Vitale que afirma que "tudo aquilo que o rodeia, neste momento, na sua vida, incluindo as coisas de que se queixa, foi atraído por si" bem como que "se acreditamos que não merecemos o que desejamos, bloqueamos a possibilidade". Joe Vitale, após ter sido sem-abrigo durante anos, é técnico de marketing, agora doutorado em Metafísica!.. amigos, doutorado em metafisica! quais Ciências Jurídico-Civilisticas, qual Geometria Descritiva, qual Periodontologia.. doutorado em Metafísica!
Realçaria mais dois exemplos - José Pedro Reyes (primo da parte do 3º metatarso do pé direito de José Antonio Reyes), 40 anos, formador e terapeuta brasileiro (!) "descobriu esta lei invisível quando há 15 anos teve um acidente e ficou com o joelho esquerdo desfeito". Depois de recusar a terapia convencional pois, segundo este, os médicos não garantiam a recuperação, Reyes larga tudo, vem para Portugal e, a vossa atenção por favor, José Pedro Reyes diz tão somente isto "fiz a minha autocura com visualização diária (imaginar a cura do joelho)" - sem comentários.

Termino este texto com uma referencia as profissões das personalidades citadas:

Lúcio Lampreia (!) - consultor
Bob Proctor - filosofo, autor e personal coach
Neale Donald Walsh . autor de "Conversas com Deus", orador e mensageiro espiritual
James Ray - filosofo e criador de programas de prosperidade e potencial humana
Joe Vitale - Metafisico, especialista em marketing e autor

o melhor para o fim..

Michael Bernanrd Beckwith - Visionário

considerem-se avisados..

sábado, 6 de outubro de 2007

O post inútil ou um grande Chindōgu

Chindōgu...é a arte japonesa de inventar algo, que se apresenta como solução para determinado problema do quotidiano, porém todos aqueles que os utilizam acabam por encontrar tantos novos problemas ou embaraços públicos que se deixam destas japonesices...

Achei importante dar a conhecer este conceito(Lê-se "Política" em português), porque acredito que todos temos em nós um Chindōgu por explorar... No meu caso é um blog, outras pessoas tornam-se àrbitros e outros ainda vão assistir a concertos do Tony Carreira...

(Para uns chama-se invenção japonesa...para outros é tradição portuguesa...a verdade é que a unha do mindinho portuguesa já é milenar...)

LIBERTA O CHINDOGU QUE HÁ EM TI!!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

nomes..

(na foto os falecidos João Pinto, eterno capitão e Pierre Littbarsky)


estou de volta, com um raciocínio brilhante.. curto, mas que deixo à consideração dos iluminados leitores! Comparemos a realidade dos jogadores brasileiros com a dos portugueses no que há nomenclatura diz respeito:

concretizando:

porque é que os brasileiros têm todos um nome 'normal' seguido do da sua proveniência e os portugueses não?

assim sendo, porquê:
Ronaldinho Gaúcho
Juninho Pernambucano
Emerson Paulista
Paulinho Mineiro
ou Marcelo Carioca?

e não..
Joãozinho Alvicastrense
Paulinho Aveirense
Marcelinho Poveiro
Carlinhos Algarvio
ou Ronaldinho Coimbrão?


à consideração
considerem-se avisados..