O sempre deprimido e auto-flagelador povo português gosta de se rebaixar, como todos o sabemos, constantemente. Quando alguém se lembra de incluir o nosso pequeno cantinho à beira-mar plantado entre os países desenvolvidos do globo, logo vozes agoirentas, provavelmente descendentes do afável Velho do Restelo, apregoam aos sete ventos o disparate da pretensão e teimam em nos deslocar dois níveis abaixo, para o grupo dos países de terceiro mundo - quantos mundos haverá, afinal?.
Mas desta vez não há Velho do Restelo que resista. Estamos definivamente entre os países da frente. A recente onda de assaltos e roubos tem-no provado. Ao ritmo de dois bancos, uma ourivesaria, três bombas de gasolina (essas que por sua vez roubam os condutores a cada abastecimento) e uma esquadra da PSP por dia, parece que finalmente vamos poder competir com as grandes metrópoles lá de fora: Nova Iorque, Londres, Madrid, Tui. É por demais evidente que é este o principal indicador do desenvolvimento de um país e a prova mais cabal disso mesmo são as séries americanas. Qual de nós não sonhou ainda que em vez do canto de um galo, o som mais característico do nosso país fosse a sirene de um carro da polícia, como em Nova Iorque? Ou quem não imaginou ainda o ex-inspector da PJ, criminalista, guionista, escritor, maquinista CP e limpador de chaminés nas horas vagas, Moita Flores, de luvinha de latex e frase enigmática a cada nova prova a investigar o último crime da semana?
Isto só prova que o governo de Sócrates está a cumprir o seu Choque Tecnológico. E que choque, dirão as vítimas da tal onda de assaltos e roubos.
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