Ah bela infância... Não sem saudade a ela nos referimos certamente.
A minha geração viveu-a na década de 90, uma decada marcada, como é óbvio, por razões positivas (estabilização do pós Guerra Fria, Tratado de Maastricht, prosperidade da democracia, fim do Apartheid na África do Sul...) e por razões negativas (Guerra do Golfo, genocídio no Rwanda, massacre de Columbine e atentados em Oklahoma, ameaças permanentes da ETA...)
Contudo, indiferentes a tudo isto que apoquentava os "crescidos", crescíamos, vivíamos, aprendíamos, disparatávamos, enfim... éramos crianças. E ser criança é ser-se despreocupado por natureza, daí eventuais sentimentos nostálgicos.
No meio de tanta coisa nova, uma delas embrenhou-se na nossa rotina. De tal modo que, chegada determinada hora, a nossa atenção se concentrava num exíguo quadrado (uma tal de Televisão), obrigando-nos a rogar pragas a quem nos desviava forçadamente o olhar.
Quem viu, quem viveu, sabe do que estou a falar... Refiro-me, não ao Juíz Decide, não ao Fátima Lopes, mas ao:
Dragon Ball Z! Songoku, Krilin, Yamsha, Vegeta, Satan, entre muitos outros, ocupavam muito mais do que os cerca de 25 minutos das nossas tardes; geravam genuínos fóruns, discussões intermináveis no recreio, birras com os pais que nos mandavam - em vão - fazer o T.P.C, enfim, faziam parte da nossa curta existência.
Inconformadas, vozes começaram a insurgir-se contra a violência gratuita, contra a banalização da própria morte (sim, porque as bolas de cristal resolvem tudo), contra uma cultura de destruição em massa que, supostamente, estaria a desencaminhar os jovens dos ideais estereotipados do cidadão íntegro e responsável.
Todavia, e como em tudo na vida, temos que saber ler nas entrelinhas, em vez de nos ficarmos pela primeira impressão, não raras vezes vaga. Que a série era violenta, ninguém o pode negar; que era apelava à discriminação sexual, poucos sabem!
Devem estar, provavelmente, a pensar: "o que é que deu na cabeça deste gajo para dizer uma barbaridade destas?"
Ora, não pretendo, de modo algum, ludibriar os caros leitores! Apenas me limitarei a apresentar factos, sobejamente conhecidos por todos aqueles que, como eu, vibravam com o desenho animado em questão:
- Raditz: tinha uns longos cabelos e gabava-se constantemente da qualidade da sua roupa
- Coraçãozinho de Satan: com um nome tão puro e singelo, não tardou a ser trespassado por Songoku, ainda na 1ªsérie. O seu descendente, ficou conhecido por Satan Junior(onde está o coraçãozinho?)
- Freezer: o nome revela uma personalidade gélida, temível; a sua voz faz inveja ao Cláudio Ramos e ao José Castelo Branco. Tem dois chifres, provavelmente resultantes de romances intergalácticos mal sucedidos.
- Cell: muito forte, sem dúvida. O facto de "absorver" os cyborgs pelo seu ânus (que ficava bastante largo) ditou a sua sentença.
- Bubu: nome já de si deveras duvidoso. Se a isto juntarmos a sua tonalidade cor-de-rosa e a particularidade de converter os inimigos em bombons, apreciando o seu sabor...
Foram todos impiedosamente exterminados...
Será esta a mensagem de tolerância e liberdade sexual que agora tentamos incutir? Não adianta plasmar na lei a liberdade sexual: a solução passa pela formação dos jovens desde a mais tenra idade...
Para concluir como característico jeito do PNR: "DragonBall merdoso, podes fugir mas não te podes esconder"