quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Natal e... pragas urbanas

Ando um ano inteiro a preparar-me para o Natal. Em Janeiro, abomino-o na ressaca dos doces. Em Fevereiro e Março ainda me vem à boca um saborzinho estranho quando ouço a palavra. Em Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto e Setembro, passa-me ao lado mas se me lembrar dele já me vem à cabeça como recordação agradável de uma estação do ano muito distante, quando chove e faz frio e sabe bem vestir muita roupa (o que me soa muito estranho, principalmente nos meses de Verão). A partir de Outubro, não há nada a fazer, começo a senti-lo chegar ao longe, aos poucos, pedindo licença para entrar à boleia das primeiras chuvas e das primeiras temperaturas abaixo dos 10ºC e isso fascina-me. E quando chegamos a Dezembro, já não penso noutra coisa.

Sempre foi assim que vivi a chegada do meu Natal, alegre, em ebulição diria mesmo. Até que algo mudou a minha forma de o ver e não, não teve nada que ver com o Pai Natal, porque nunca me acreditei na história de que ele não existe. Foram, sim, as SMS. Essa praga urbana que invadiu cada lar e perturbou as nossas consoadas, as nossas trocas de presentes. Em vez das piadas exaustivamente repetidas pelo meu tio ano após ano, em vez do som grave do meu avô a ressonar depois de duas ou três postas de bacalhau, em vez das conversas profundíssimas das minhas tias sobre serviços de jantar, a atmosfera é invadida pelo som estridente de sete Nokias, quatro Motorolas e um ou dois Samsungs, anunciando essas infâmes mensageiras da originalidade que são as mensagens escritas. Ou são as estrelas enviadas para "cada um dos meus amigos/as" ou os "presépios que este ano não existem" (e repare-se na função de crítica social que algumas destas mensagens conseguem encerrar em si) ou, ou, ou (como diria o outro)...

Enfim, no meio desta panóplia de mensagens modelo, repetidas de ano para ano, enviadas mesmo sem olhar para todos os contactos, muito são de louvar os resistentes que insistem em mandar uma mensagem personalizada. Mostra pelo menos que sabem para quem estão a desejar uma Noite Feliz e evita mandar uma mensagem destinada a homens a uma mulher,por exemplo.

Boas Festas!

4 Comments:

Anónimo said...

e natal normalmente significa o reotrno das renault espace com matricula branca a frente e amarela atras. e ainda de frases como "michel, vien ici meu filho da grande meretriz". o autor sabe quem e o binguelada que esta a comentar

alegadamente said...

Digo eu que o cumulo da ironia é desejar o feliz natal a quem não se conhece. De forma consciente...

Anónimo said...

aproveito para deixar uma boa passagem de ano...
beijinho/abraços pra todos
ass.hugo

Anónimo said...

aproveito para deixar votos de uma boa passagem de ano...és o meu melhor amigo(a)!
beijinho/abraço!