terça-feira, 12 de junho de 2007

Oasis precisa-se!

Recentemente, Mário Lino, a propósito do polémico caso do novo - e, segundo Sócrates, indispensável - aeroporto de Lisboa, afirmou que a margem Sul era um autêntico deserto.

Impacto imediato nos media. Os mais distraídos poderiam até pensar que Portugal iria assumir a presidência da UE ou até que, imagine-se(!), o G8 tinha reunido... Mas claro que não!
Surgiram as habituais piadas, os boatos da praxe, as respostas indignadas do costume. Nem o Special One, setubalense de gema, ficou indiferente aos "impropérios" proferidos, não perdendo a oportunidade para contra-atacar (com a calma e contenção que sempre o acompanharam).

Já se ia diluindo, embora subtilmente, a polémica, quando Maria José Nogueira Pinto ripostou, disparando noutra direcção:
"O deserto de que fala Mário Lino existe. Mas não está na Margem Sul, fica no centro de Lisboa, onde o ministro das Obras Públicas trabalha. Os bancos zarparam, os escritórios deslocarizaram-se(...) e o território foi apodrecendo"(in "Visão").

Estranho... Muito estranho mesmo... Durante uns tempos, esteve muito na moda a expressão "brincar às democracias". Mudam os tempos, a sociedade evolui, e agora? Brinca-se aos desertos...

A julgar pela morosidade dos processos e da tomada de decisões, pela extrema importância que é dada a um comentário (que, apesar de tudo, não deixou de ser infeliz), enfim, pela deficiência e insuficiência das infraestruturas ("podres, segundo M.J. Nog.Pinto), creio, efectivamente, que um novo deserto está agora a surgir.

Não na Margem Sul, não no coração da capital, mas sim num local intangível: no campo da objectividade, da clarividência e, sobretudo, no campo da consciência e da responsabilidade do poder.

Aparentemente, governar o país é "areia a mais para a camioneta" de quem tem essa função...

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